Análise de Risco III (2009)

Dando sequência a coletânea de artigos sobre análise de risco, neste vamos abordar a “Análise Preliminar de Risco” (APR).

Sei que muitos dirão que esta ferramenta é conhecida, porém, a maioria das aplicações que vi, estão incompletas, pois não chegam a calcular o “Nível de Risco”.

 Um pouco de história

 Como em muitos casos, o desenvolvimento de algo se dá por uma necessidade. No caso da APR, a carência premente era do Departamento de Defesa dos Estados Unidos em estabelecer padrões de segurança para o transporte, armazenamento e manipulação de mísseis militares, em virtude do alto grau de perigo nestas operações.

Para tanto, foi necessário o desenvolvimento de análises minuciosas que aumentassem o nível de segurança, de forma a garantir a preservação da saúde dos militares envolvidos e evitando prejuízo de monta no caso de explosão acidental ou da perda de mísseis por problemas operacionais. 

O desenvolvimento da análise 

O início da aplicação e elaboração da análise APR é similar ao da Matriz de GUT. Os integrantes do grupo de trabalho procedem a um “brainstorm” (tempestade de ideias), cujo resultado é a relação de todos os riscos e/ou perigos da atividade ou operação foco da análise.

Para estruturar a análise, usualmente se faz uso de formulário similar ao abaixo:

Após relacionar os riscos, que não necessita estar em uma ordem especifica, passamos a preencher as demais colunas da planilha. Nela incluímos:

  • Modo de detecção – é a forma (como) é possível detectar a iminência do risco. Contribui para o estabelecimento das recomendações, pois apresenta indícios de pontos de controle. Os modos de detecção abrangem desde alarmes e equipamentos automáticos até a simples observação de profissional especializado.
  • Causas – local destinado a apontar as causas geradoras de desvios. É comum que para um desvio ou risco, existem várias causas, nestes caos, todas devem ser analisadas separadamente. Não podemos esquecer que, usualmente um desvio, risco ou dano, só é efetivado quando mais de uma causa ocorrem simultaneamente.
  • Consequências – uma vez existindo um desvio ou risco certamente teremos uma consequência atrelada a este fato. Para uma boa APR há a necessidade de identificar os efeitos previsíveis (mais comum para o fato gerador), uma vez que estas apontarão à magnitude do evento.

 A mensuração 

O primeiro tópico a ser mensurado é o PO (Probabilidade de ocorrência), que nada mais é do que estimar a frequência que dado problema, risco ou sinistro ocorrerá. Existe um longo estudo estatístico a este respeito, mas, resumidamente, é possível aplicar a tabela:

Probabilidade de ocorrência definida. O próximo passo é classificar a AC (Amplitude da Consequência).

Amplitude da consequência consiste em mensurar o que acontecerá em caso de um sinistro. Existem definições variadas, dependendo do foco da análise. Uma que considero adequada à proteção contra incêndio é expressa na tabela:

O resultado 

Definido os dois parâmetros fundamentais, PO (Probabilidade de Ocorrência) e a AC (Amplitude da Consequência), calcula-se o NR – Nível de Risco. O valor do Nível de Risco é dado pela matriz:

Como pode ser visto na matriz de definição de nível de risco, estes variam de 1 a 5. Esta classificação deve ser interpretada, fazendo uso da tabela de Aceitabilidade de Risco:

Após esta análise vamos notar a existência de inconvenientes que variam desde “Riscos Aceitáveis” onde a convivência com estes é pacífica, até “Riscos Absolutamente Inaceitáveis” onde há a necessidade de tomada de ações de correção ou mitigação imediata.

Após a aplicação de toda esta metodologia é fundamental definir as “Recomendações”. Estas são em verdade a definição de ações mitigadoras de risco e, necessariamente, devem ser tomadas para todos os “Níveis de Risco” com pontuação acima de três.