Água é Fogo

Quando se fala em emergência logo se pensa em incêndio, ou em acidente, ou ainda em emergência com derrame de produtos químicos.

Quando se fala em bombeiro, seja militar ou civil, logo vem à mente fatos ligados a incêndio ou em salvamento de pessoas.

Pensar assim é correto, mas será que estamos como o pensamento preparando para os próximos anos?

Alguns dirão, mas porque está trazendo a toma esta reflexão.

A meu ver, a explicação é simples. Nos noticiários deste ano temos visto muita devastação por água, seja no litoral de São Paulo, no interior do Rio Grande do Sul, no Ceará, em Minas Gerais, entre outras localidades. Em todas estas ocorrências, além de perdas materiais, houve a perda de vidas e, se fosse possível fazer uma contabilidade de todos os danos e perdas envolvidos, certamente as cifras seriam expressivas.

Na pesquisa que fiz, não consegui dados sólidos que me permitisse constatar se, estamos perdendo mais vidas por incêndios ou se o maior vilão é a água, o mesmo ocorrendo com as perdas financeiras envolvidas. Acredito eu que, o maior causador, deste ano, quanto a perdas materiais e humanas é a água.

Como isso, a grande pergunta é: estamos nos preparando para as ações da água?

Se procedermos a uma enquete com este tema, provavelmente, teremos respostas do tipo: não tem o que fazer é uma ação da natureza, é de responsabilidade da Defesa Civil, e por aí vai. Porém, creio que podemos ser contributivos, mesmo no âmbito do microambiente.

Apenas um aparte, enquanto escrevo, recordo da estória do fogo na floresta, onde enquanto tudo pegava fogo um elefante que fugia viu um beija flor indo em direção ao fogo, neste instante o elefante fala: – vamos fugir, tem que voar em outra direção. Neste instante o beija-flor afirma, não estou indo para o lugar certo, vou apagar o fogo. Eis que o elefante retruca: mas você não vai conseguir, seu bico é pequeno e carrega pouca água. Neste momento o beija-flor fala para o elefante: sei disso, mas é que estou fazendo a minha parte.

Aparte, a parte, creio que todos podemos contribuir para minimizar os danos e as perdas em todas as catástrofes, para tanto, há a necessidade de análise técnica, de informação e de tomada de ação em tempo hábil.

Uma experiencia profissional que tive foi em uma empresa que estava situada em uma área de várzea, nas proximidades de um rio.

 Se dizia que, na quela empresa, não bastava chover, apesar se garoasse o trovejasse já era o suficiente para inundá-la. Cada vez que isto ocorria era um caos, seja pelas perdas materiais envolvidas, seja pelo desconforto dos funcionários que, ou ficavam ilhados, ou, no afã de ir embora se lançavam a caminhar na água suja e fétida que provinha do rio.

E o que fazer, já que a chuva é uma dádiva da natureza.

Neste caso, fizemos um estudo de risco envolvendo os pontos vulneráveis e especialmente os pontos possíveis de se fazer monitoramento e controle.

O pontapé inicial se deu com o monitoramento do nível de água na área circundante da empresa e no próprio rio das proximidades. E, a partir deste estudo tomou-se uma série de ações de cunho prático, entre elas:

  • A instalação de válvulas de retenção nas saídas de água pluvial da empresa;
  • A colocação de comportas quando a água atingisse determinado nível;
  • A adoção de uma área para conter internamente a água da chuva no interior da empresa, similar a ter um piscinão próprio, na realidade era um estacionamento mais baixo, tirava-se os carros e deixava-se a água acumular ali;
  • A dispensa dos funcionários não essenciais a operação de emergência, antes que a área circunvizinha fosse inundada. É lógico que esta medida abrangia a quem quisesse;

Com estas medidas, à época, conseguiu-se controlar, digamos assim, os efeitos da inundação naquele microambiente da empresa.

Isto ocorreu em uma época que não existia celular, senão provavelmente teríamos adotado como medida mitigadora a informação via celular, por algum aplicativo, informando o melhor caminho e propostas de como agir em cada caso. Algo similar ao que ocorre em algumas comunidades com o uso de alto-falantes e mensagens de celular.

Considero eu que, o fogo ou o incêndio, na maioria dos casos, pode ser gerado pelo desrespeito do homem a uma série de regras de prevenção e combate que, se bem aplicadas, minimizaria, em muito, a quantidade de ocorrências, os danos e as perdas econômicas e da vida nos reinos animal e vegetal.

Enquanto, a água, chuva, inundações, desastres ecológicos etc., são gerados pelo desrespeito da humanidade quanto a planeta em que vive.

Se olharmos o hoje, vamos notar que, está muito difícil conter a fúria da natureza, a qual vem se demonstrando cada dia maior, mais voraz, mas, podemos certamente, com medidas de estudo, minimizar os danos e perdas através de ações mitigadoras, seja no microambiente, tal como uma empresa, um condominio etc., como no macroambiente como uma comunidade.

Enquanto escrevo, olho pela janela, aqui em São Paulo. Hoje, a chuva está fraca, porém, há previsão de tempestades consideráveis pelo país inteiro e observe que, nem chegamos a chamada “épocas das chuvas”, usualmente nos primeiros meses do ano, inclusive aludida por Antonio Carlos Jobim, o grande compositor, quando fala das “águas de março fechando o verão”.

O que mais importa. É que ainda dá tempo de fazer algo, por menor que seja, que sejamos como o beija-flor que está fazendo o seu melhor para apagar o fogo.