Tenho por hábito verificar diariamente as notícias publicadas por meio digital e, hoje (10/03/2020), ao começar a pensar nesta coluna, deparo-me com três notícias sobre incêndios: o de um galpão em Pirituba (zona norte de São Paulo), outro em um edifício comercial no centro de Fortaleza e, por fim, um em um edifício residencial de Londrina.
As edificações eram de tipos distintos, em locais distantes, porém, me chamou a atenção o fato de as notícias terem sido publicadas em um período de 9 horas. Até pensei, será que estamos tendo uma epidemia de incêndios?
Pelas fotos publicadas, aparentemente, todas as edificações eram antigas. Já pelo descrito tínhamos que, a dimensão das ocorrências se diferenciava, indo deste a necessidade do uso de vários caminhões até do controle pela brigada de incêndio do próprio edifício.
Procedi a leitura das matérias na integra a fim de saber as prováveis causas. Em apenas um dos casos, no de Fortaleza, encontrei a informação que, o motivo do incêndio teria sido uma pane elétrica na caixa de distribuição de energia, local onde estavam os medidores.
Esta referência me trouxe a recordação da máxima que escutei por várias vezes, desde o início de minha carreira profissional, onde, usualmente, se dizia que, um incêndio era originado por um curto-circuito. Esta afirmação pode representar uma meia verdade, mas, não deixa de possuir certa valia.
Talvez, sua maior serventia seja de alertar sobre as precauções necessárias nas instalações e equipamentos elétricos.
Fazendo um comparativo entre as instalações elétricas antigas e atuais, temos que, em tempos mais distantes, a instalação elétrica era superdimensionada. Hoje, por sua vez, as instalações possuem dimensionamento mais delgado.
Vamos a um exemplo prático. Há cerca de 40 anos, meu pai e eu, refizemos toda a instalação elétrica da casa onde morávamos e, por decisão nossa, para toda a fiação de tomadas de 10 A (Ampere) utilizamos fiação, que seria equivalente hoje, a 2,5 mm² que suporta cerca de 21 A (depende do tipo de instalação), hoje para situação similares, quando muito, se utiliza fiação de 1,5 mm² que supor-ta até 15 A. Com este exemplo, nota-se que, os fatores ou margens de segurança estão cada vez mais reduzidos.
Para não incentivar realização de trabalho sem conhecimento, informo que, na época eu já tinha formação com eletricista de manutenção e meu pai já trabalhava nesta área a mais de 20 anos. Portanto, não éramos leigos.
Cabe ressaltar que, a condição atual de dimensionamento dos componentes de uma instalação elétrica em nada interfere na segurança da instalação, desde que sejam atendidas as recomendações de uso e manutenção.
Porém, o que mais encontramos é a combinação perniciosa de três fatores: a redução das margens de segurança no dimensionamento das instalações, o consumo maior de alguns aparelhos e, a falta de manutenção. Existe um quarto fator que é as improvisações (gatos) que não vamos abordar.
Quanto a redução as margens de segurança, creio que já abordamos o suficiente para expor as alterações que existiram com o passar do tempo no dimensionamento das instalações.
Quanto ao consumo dos aparelhos e equipamentos temos dois fatores contributivos. O primeiro se refere ao tempo de uso do equipamento em si. Muitos equipamentos, máquina de lavar por exemplo, possuem motores e estes, sem a devida manutenção de correias e rolamentos, passam a consumir mais energia com o passar do tempo, podendo sobrecarregar os circuitos. Outro fator está atrelado ao conforto, até pouco tempo só existia chuveiro com consumo de 4.500 Watts, enquanto, hoje chuveiros de 6.500 Watts é muito comum.
Quanto a falta de manutenção é de fácil entendimento. Pesquisando na internet vamos ver que, uma instalação elétrica, geralmente possui uma vida útil de 25 anos, se não sofrer sobrecargas, pode chegar a até 30 anos. Porém, dificilmente se tem notícia de sua substituição de uma instalação após decorrida sua vida útil.
Uma pergunta que já me fizeram: por que a instalação elétrica provoca um incêndio? Como resposta didática explano; um sistema elétrico é aquele que transforma a eletricidade em outra forma de energia (luminosa, mecânica etc.), porém, o inconveniente desta transformação é a geração de calor. Estando o sistema e/ou instalação bem dimensionado e sendo submetido a manutenção adequada, este calor é pequeno não trazendo inconvenientes.
Assim sendo, cabem as máximas de sempre: execução de atividades só por profissionais qualificados, uso de equipamentos e/ou instalações só para o que foi projetado, boa manutenção e nada de improvisações.
O tema instalações elétricas é tão importante para a prevenção de incêndios que, o Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo editou a Instrução Técnica de n° 41 – Inspeção visual em instalações elétricas de baixa tensão, a qual obriga a apresentação de inspeção visual, mesmo que não muito profunda, para a obtenção da renovação do AVCB.
Em suma, as instalações e equipamentos elétricos devem ser submetidos a inspeções e manutenções adequadas para a sua segurança e a segurança de seu patrimônio.
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